sábado, 29 de dezembro de 2012

OS ERROS




De todos os lados
corações blindados,
privadas almas com seus pecados
formando um coletivo de resignados.

Nunca se nasce para errar,
até por isso nunca tentar.
Mal tendo chance de falar,
assim fui concebido neste lugar.

Os pássaros que cantavam
por muito, nem mais existem.
Os casais que namoravam
estão divididos pelos bens,
até porque não há mais serenatas
nestas noites de cinzas encobertas.

De todos os lados
os terrenos blindados,
com os homens trancados
dos dois lados dos muros altos.
Creio que as terras
nunca tenham sido compartilhadas.

De todos os lados
objetivos,
busca pelos objetos idealizados
do único ideal estipulado.

Assim as vidas seguem
cada uma no seu caminho
sem compaixão dos que tropeçaram e caíram.
Largados às margens
desvencilharam-se de um sonho...
tentaram, não conseguiram e se destruíram.

Da vida que sobrou aqui
da outra que resistiu ali,
salve-se quem puder!
Pois alguém vai perder
o benefício do paraíso
que dizem ser abundante e valioso,
lá onde o coração blindado
brinda com o destino
o próprio bem alcançado,
usando até mesmo
os cálices do Vaticano.

Nas privadas
estão as almas com seus pecados,
tomando esgoto dos glúteos
dos quais são subordinadas.

Já se foi o tempo em que Deus
zelava pelos filhos seus,
pois os meninos preferiram
vender as almas, os corpos e os sentimentos
ao demônio, por quem se capitalizaram
e, que rapidamente dominou seus espaços.

Depois disso um grande problema,
que o maior pecado
é tentar quebrar o muro construído
entre os privilegiados e os abandonados.
Imperdoável para o sistema
simplesmente é olhar para o lado
e unir-se a causa do desesperado.

Vivemos sob o regimento desse grande lema:
Que os erros são as tentativas fora do determinado.

Até por isso,
segue-se errando determinadamente.


Jefferson Santana

sábado, 22 de dezembro de 2012

Alguma Poesia baseada em um gauche da vida




Carrego Comigo A Procura da Poesia
e vivo entre A Flor e a Náusea.
Entre o Ser e as Coisas, uma pergunta:
será que O Amor Bate na Aorta?

Um Claro Enigma: As Sem-Razões do Amor.
Desvendar um Sentimento do Mundo como O Lutador,
mas que Em Face Dos Últimos Acontecimentos
receia uma Toada do Amor por possuir Coleção de Cacos.

Os Ombros Suportam o Mundo mundo vasto mundo,
que mais parece um Congresso Internacional do Medo.
O Passado Presente é a Memória gerando Castidade,
Anoitecer Uma Hora e mais Outra nesta Fragilidade.

Uma Assombração, um Convite Triste, um Caso Pluvioso.
No Pequeno Museu Sentimental, bate a Hora do Cansaço.
Haja Canto Esponjoso para tanto Noturno Oprimido.
O Tempo Passa, Não Passa. Ontem já devia ter acabado!

Ainda bem que, No Exemplar De um Velho Livro, Alguma Poesia
de Drummond, gauche da vida, que me dizia:
“Não se Mate”, como uma Lanterna Mágica,
para que No Meio do Caminho eu jamais me perca.

Chega dessa Coisa Miserável de Vida Menor!
Não me incluam no Necrológio dos Desiludidos do Amor!
Pois na Passagem da Noite há Anúncio da Rosa
como flor no asfalto: Aparição Amorosa.

De Mãos Dadas, Iniciação Amorosa nesta Sociedade.
No Corpo Feminino, esse Retiro Como um Presente.
Se mais vasto que o mundo é meu coração,
Reconhecimento do Amor é um Poema da Purificação.

Minha Aspiração é uma Balada do Amor Através das Idades...
Em todas as nossas idades, cultivar um Campo de Flores
que rompa o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.
O Amor Natural de Verdade do Sonho de Um Sonho.

(Sinal de Apito)

Notícias Amorosas:
Tenho Saudades de uma Dama;
Ainda Quero me Casar. 


Jefferson Santana

sábado, 15 de dezembro de 2012

Ho, Ho, Ho, Ha Ha Ha




Sr. Papai Noel Chegou!
É Natal.
Sr. Papai Noel que enche o saco
com bilhões e bilhões...
de presentes.

Ho, Ho, Ho!
Acorda cidadão!
O sino está sendo tocado.
Corre, corre...
"Vamos vender",
dizem os do comércio.
"Vamos comprar",
dizem os do consumo.
O sino está sendo tocado.

"Ho, Ho, Ho!"
O Sr. Papai Noel chegou!
O Sr. Papai Noel vai enchendo o saco
com bilhões e bilhões...
de presentes.
Ho, Ho, Ho!
"Ha Ha Ha"
Sr. Papai Noel a gargalhar.

Bate o sino
que é tempo de correr,
tempo de vender,
tempo de comprar.
"Ho, Ho, Ho!"
"Ha Ha Ha!"
Sr. Papai Noel a gargalhar.

Bate o sino
que é tempo de sorrir,
tempo de comemorar,
tempo de confraternizar.
Aproveitar o Natal
que acontece somente em dezembro.
Em janeiro passa.

O velho,
o novo,
continua o mesmo:
Sr. Papai Noel enchendo o saco,
entoando seu
"Ho, Ho, Ho",
num constante e consciente  
“Ha, Ha, Ha".



Jefferson Santana, do Livro Pétalas e Pedradas

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

POEMA DA AMÉRICA




A América está dividida:
Uma parte subalterna explorada;
Outra parte comandante tirania
Com a pose de impor A Ideologia.

É cantado o hino da Liberdade,
Porém, o latino sem tal virtude
Tem que se ajoelhar sem revolta
E reverenciar o compasso terrorista.

Porque nas Américas dos contrastes
A que manda é somente uma,
Aquela dos privilégios indecentes.

Até comer e beber coisa alguma
No que se pensa são nos seus costumes.
Do Tio Sam, não há nada que não se consuma.

Jefferson Santana 
do livro Cantos e Desencantos de um Guerreiro


sábado, 24 de novembro de 2012

Mais amor, por favor!




Hoje minha mão está armada, 
de caneta muito bem carregada
de tinta, que deixa marcas graciosas
na folha, e as intenções objetivas.

Jefferson Santana

sexta-feira, 16 de novembro de 2012



uma interrogação
onde meu coração pede uma exclamação
sei não
cada ponto dessa inconclusão
em contraponto a essa emoção
ainda podem me gerar algumas reticências

Jefferson Santana

domingo, 11 de novembro de 2012

MAIS VERSOS LINDOS





Queria ter sonhado mais versos lindos,
como recomposição
da contemplação
intensamente vivida,
sem saber realmente o que vivia.
Talvez morria
e renascia.

Queria ter composto mais versos lindos,
essencialmente
do brilho do olhar quando te via,
das belas imagens que me vinham
a mente.
Admirar-te
já foi ação frequente.

Queria ter dado mais versos lindos,
compostos nas batidas cardíacas...
meu coração já batido...
abatido por ti.

Talvez morri...
talvez renasci.

Quero novos versos lindos,
de nova matéria!

Quero novos versos lindos, sonhados, 
                           [compostos, dados... 
ou não dados,
datados ou não datados
de amanhã,
ou de depois de amanhã...
dando-me sempre uma nova manhã.

Jefferson Santana

sexta-feira, 2 de novembro de 2012



alguma coisa está morta dentro de mim
está morta alguma coisa
morta dentro de mim
dentro de mim
de mim
mim
.

Jefferson  Santana

terça-feira, 30 de outubro de 2012

a noção do tempo eu entendi,
quando vi 
que o mesmo pão fresco que tanto quis,
que apesar da fome
não comi,
está aqui,
mofado e apodrecido diante 
de mim

Jefferson Santana

domingo, 28 de outubro de 2012

CANTIGA




Não te esqueças meu amor
que eu te amo.
Não me julgues meu amor,
porque te quero.

Se tu foges meu amor,
eu te persigo.
Se tu vens meu amor,
eu te espero.

Faças de mim meu amor
o teu amado
e eu estarei meu amor
sempre ao teu lado.


Jefferson Santana

domingo, 21 de outubro de 2012

Ainda não encontrei
o caminho
que me leve ao encontro
____________________do seu carinho.

Jefferson Santana



sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Tucano e corja de políticos


Sinto pena de uma espécie da fauna brasileira chamada tucano. Essa espécie tem sido muito atacada por diversas pessoas, pois é utilizada como talismã de uma corja de políticos que praticamente privatizaram o Brasil a preço de banana, quebraram as pernas dos trabalhadores como serras que destroem as árvores pelos troncos e, que atacam opositores como soldados acavalados. Essa corja de políticos não merece o tucano como representação, nem sequer merecem a peçonhenta cascavel, pois até ela é importante para a fauna brasileira, não devendo ser privatizada.
Assim, torna-se necessário salvar o tucano dessa perversa utilização, acabando com a soberba da corja de políticos que tanto afeta o Brasil e vem afetando o Estado de São Paulo há 18 anos.
 
 

domingo, 14 de outubro de 2012

RECONSTITUIÇÃO




Eu vi o espetáculo construído
com sangue e suor cedido.
Eu vejo o espetáculo reconstituído
com novos comandantes e mandatos.

Eu vi o comando comendo pão fresco,
enquanto comandados comiam migalhas de torradas largadas.
Eu vejo comando antigo, mas vejo também comando fresco.
Vejo comandados se multiplicarem por gerações cada vez mais          
                                                                                      [largadas.
    
Eu vejo a abundância
e vejo a ignorância,
no mesmo espaço em que já vi ganância
como grande preponderância.

Eu vejo mais máquinas
onde já vi mais gente comandada.
Eu vejo mais desnorteadas artilharias
onde já vi bala chegar perdida.

Já vi bandeiras expostas.
Agora vejo mastros que machucam.
(Já queimaram tantas ideologias
que sobraram mastros pr'aqueles que chicoteiam).

Eu vejo tanta gente calando o grito,
sofrendo consigo mesmo,
que eu já nem sei se há marasmo
ou adesão ao que é imposto.

Já vi tanta coisa nessa vida
que às vezes acho que não vi nada ainda.


                                                                                                 Jefferson Santana

quinta-feira, 11 de outubro de 2012



Meu coração é uma horta 
devastada
com terra
                  ra-cha-da
na aorta.


Jefferson Santana

sábado, 6 de outubro de 2012



Ocupar meu coração
antes que o coração desocupe-se de mim.


Jefferson Santana

sábado, 29 de setembro de 2012

OS TEMPOS AINDA DIFÍCEIS



Sim, os tempos ainda são difíceis.

Eis agora o tempo de grandes promessas e falsas realizações. Tempo de grandes teorias e pouco proceder. Eis o tempo de muitos gurus e poucos operários. Este é  tempo em que o medo é uma desculpa e não um obstáculo a ser superado pelo caminho.

Este é um tempo de múltiplas facetas escondidas numa única máscara. Máscara representativa do poder e de muito poder fazer. Invejada e apreciada por "heróis" que exibem poderes de simpatia ao mesmo tempo que se aperfeiçoam em suas rasteiras. Contemporâneos poderosos do tempo de constantes evoluções, em que muitos conseguem evoluir para o pior de si mesmos. E mesmo que não queiram, se deixam influenciar pelas circunstâncias  e abandonam o melhor de si mesmos.  

É um tempo de jogos vorazes, de caçadores e caças, em que, os primeiros se impõem e os demais são impostos. Eis o tempo em que as cobras caçam os pássaros de asas quebradas, caídos pelo chão. Sim, eis o tempo em que força é usada pra machucar os mais fracos e não para protegê-los. Tempo de se colocar na posição de atirador sem ao menos saber escolher o verdadeiro alvo. Tempo é este de muito se querer  direitos e de se abandonar os próprios deveres. Tempo de andar sem parar, numa única direção, mesmo que tenha que atropelar quem esteja à frente ou do lado. Este é um tempo de muitas regras e pouco consenso. Tempo em que palavras não são mais utilizadas para argumentação, mas para determinação.

Sim, os tempos ainda são difíceis.


Tempo em que muros separam os abraços.Tempo em que mais amizades se tornam desavenças do que desavenças se tornam amizades.Tempo em que mais sangramos e menos amamos. Tempo em que mais vencemos e perdemos, do que compartilhamos.

Tempos ainda difíceis!

sábado, 22 de setembro de 2012




Inverno com jeito de verão.
Primavera com jeito de inverno.
Como alegria provida de tristeza 
ou o temor provido de abuso,
humano mexeu tanto com natureza
que natureza ficou com jeito de humano.

Jefferson Santana

sábado, 15 de setembro de 2012

Capítulos Ambíguos




(Poema inédito)

Das pedradas que levei
surgiram feridas que muito sangraram,
alívio é perceber que cicatrizam.

Dos tropeços conseguidos
muitas foram as quedas.
Hoje, firmes são as passadas,
pois aprendi a detectar obstáculos.

Pelos venenos consumidos
quase minha vida foi perdida.
Através deles, antídotos foram descobertos.

Se alguns não foram amigos
e me rejeitaram,
pude reconhecer
os amigos que nunca me rejeitariam.

Dos silêncios que foram expressos,
das amargas palavras que se exalaram,
Muitos poemas surgiram.


Jefferson Santana


domingo, 9 de setembro de 2012

DISCURSO DE PATRÃO PARA TRABALHADOR BRASILEIRO




Trabalhe trabalhador.
Derrame o teu suor
E faça da minha empresa a melhor.
Você trabalha com dor
Pouco vendo do dinheiro a cor
E eu enriquecendo a teu dispor.

Trabalhe vagabundo!
Pois é pobre e encabulado.
Não chegará onde estou sentado
Porque tudo está programado:
Trabalhará, ficará cansado
E se chegar a ficar aposentado,
Morrerá esquecido.

Trabalhe direito,
Pois quando eu quiser te demito
E tu não serás mito,
Só um mendigo sem respeito.

Digo ainda, que eu não sou injusto.
O negócio estabelecido
Que me cobra,
Que te cobra
Vontade,
Competividade,
Na constante conformidade.

Caso não queira
Eu pego outro da fila.

(Jefferson Santana, do livro Cantos e Desencantos de um Guerreiro)

sábado, 1 de setembro de 2012

Procura-se amor



(Poema inédito)


Procura-se amor
para estações diversas da jornada,
como brasa que aqueça friagem,
como brisa que arrepie a pele,
como beijo que umedeça lábio seco.

Procura-se amor
nas escadas frequentes de subidas e
                                            descidas,
nas varandas que se avistam horizontes,
embaixo
de semáforos que regulam cruzamentos.

Procura-se amor
como remédio pra desalento,
como alimento pra apetite irreprimido,
como feriado que anteceda fim de semana.

Procura-se agora
de noite
pro dia
pros dias
pró dias
próximos dias,
pr’além das noites.


Jefferson Santana

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Na minha escola não tem aula



Na minha escola não tem aula,
Na minha escola não tem aula,
Na minha escola não tem aula.
E por que teria aula
Se ter aula é brincadeira?
Ter aula é brincadeira!
Para o governo é brincadeira,
Para o estudante é brincadeira.
Ter aula é brincadeira.

E ninguém continua dando valor a brincadeiras. 

(Jefferson Santana, in Cantos e Desencantos de um Guerreiro)

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O poeta e a revolta



Empunhar a caneta sobre o papel,
antes que as mãos alcancem outras armas.

(Jefferson Santana)

sábado, 18 de agosto de 2012

Um navegante


Um navegante surge no horizonte.
Como vindo de muito longe,
espero que queira hospedagem.

Surge por trás da visão marítima
como sujeito imponente
trazendo luz por onde chega.
Por onde passa 
até as nuvens abrem caminho.
Uma nuvem ou outra atravessa-o
mas ele imponente
não perde a chama que acendeu.

Refletido no espelho do mar.
As ondas vem chegando
no mesmo instante que o reflexo.
Que nas areias da praia onde estou, se retenha
como algas que passeiam e por acaso ali estacionam.
Destino
desenhado 
a partir do percurso 
mais improvável da onda que nasceu.

Aqui te encontro imponente
e meu sonho rejuvenesce.
Um querer incessante
numa praia abundante 
n'agua, n'areia amena
o porto seguro. 

Jefferson Santana (Porto Seguro/ Bahia - Agosto de 2012)

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

PARTES EM PARTE




Um poema
para se desintoxicar de um problema.

Um pedaço de mim
combatendo outro pedaço de mim.

De partes em partes vai se poetizando
coração
despedaçado.

Um poema como sorriso no rosto
para aliviar tapa na cara...
                    pancada nas costas,
                    rasteira nas pernas.

- Agruras desta vida,
não deixe que falte
o poema de cada dia!


(Jefferson Santana)

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Sequelas



Sentir a carne inflamada pelo sangue fervente das veias.
Sentir o coração agitado, violentando o meio do peito.
Sentir a lágrima que cai dos olhos despejando revolta.
Sentir os pesadelos que consomem os pensamentos.

Sentir
Sentir
Sentir

Sentir o elo 
partido

Sentir o corpo 
                vagando no  
                mundo 
                                           perdido.


Sentir
o sentido se desfazendo...


          sentido
 sem 
                            direção

sem 
seta
sentindo
seguidas
sequelas.

sábado, 28 de julho de 2012

O QUE SOU?





O que sou nessa esfera de inferno?
O que penso nessa massa de neurônios?
O que vejo no meio dessa multidão?

O que o mendigo caído no chão tem a dizer?
O que o bandido das ruas tem a declarar?
O que o político corrupto tem a proclamar?
O que nossa raça humana tem de comemorar?

O que sou nessa esfera de inferno?
O que penso nessa massa de neurônios?
O que vejo no meio dessa multidão?

Se ligo a TV, não vejo perspectiva.
Se tento dormir, não tenho sono.
Se tento respirar fundo, o ar me irrita.
Se choro, não encontro solução.

O que sou nessa esfera de inferno?
O que penso nessa massa de neurônios?
O que vejo no meio dessa multidão? 

(Jefferson Santana, do livro Cantos e Desencantos de um Guerreiro)