sábado, 29 de setembro de 2012

OS TEMPOS AINDA DIFÍCEIS



Sim, os tempos ainda são difíceis.

Eis agora o tempo de grandes promessas e falsas realizações. Tempo de grandes teorias e pouco proceder. Eis o tempo de muitos gurus e poucos operários. Este é  tempo em que o medo é uma desculpa e não um obstáculo a ser superado pelo caminho.

Este é um tempo de múltiplas facetas escondidas numa única máscara. Máscara representativa do poder e de muito poder fazer. Invejada e apreciada por "heróis" que exibem poderes de simpatia ao mesmo tempo que se aperfeiçoam em suas rasteiras. Contemporâneos poderosos do tempo de constantes evoluções, em que muitos conseguem evoluir para o pior de si mesmos. E mesmo que não queiram, se deixam influenciar pelas circunstâncias  e abandonam o melhor de si mesmos.  

É um tempo de jogos vorazes, de caçadores e caças, em que, os primeiros se impõem e os demais são impostos. Eis o tempo em que as cobras caçam os pássaros de asas quebradas, caídos pelo chão. Sim, eis o tempo em que força é usada pra machucar os mais fracos e não para protegê-los. Tempo de se colocar na posição de atirador sem ao menos saber escolher o verdadeiro alvo. Tempo é este de muito se querer  direitos e de se abandonar os próprios deveres. Tempo de andar sem parar, numa única direção, mesmo que tenha que atropelar quem esteja à frente ou do lado. Este é um tempo de muitas regras e pouco consenso. Tempo em que palavras não são mais utilizadas para argumentação, mas para determinação.

Sim, os tempos ainda são difíceis.


Tempo em que muros separam os abraços.Tempo em que mais amizades se tornam desavenças do que desavenças se tornam amizades.Tempo em que mais sangramos e menos amamos. Tempo em que mais vencemos e perdemos, do que compartilhamos.

Tempos ainda difíceis!

sábado, 22 de setembro de 2012




Inverno com jeito de verão.
Primavera com jeito de inverno.
Como alegria provida de tristeza 
ou o temor provido de abuso,
humano mexeu tanto com natureza
que natureza ficou com jeito de humano.

Jefferson Santana

sábado, 15 de setembro de 2012

Capítulos Ambíguos




(Poema inédito)

Das pedradas que levei
surgiram feridas que muito sangraram,
alívio é perceber que cicatrizam.

Dos tropeços conseguidos
muitas foram as quedas.
Hoje, firmes são as passadas,
pois aprendi a detectar obstáculos.

Pelos venenos consumidos
quase minha vida foi perdida.
Através deles, antídotos foram descobertos.

Se alguns não foram amigos
e me rejeitaram,
pude reconhecer
os amigos que nunca me rejeitariam.

Dos silêncios que foram expressos,
das amargas palavras que se exalaram,
Muitos poemas surgiram.


Jefferson Santana


domingo, 9 de setembro de 2012

DISCURSO DE PATRÃO PARA TRABALHADOR BRASILEIRO




Trabalhe trabalhador.
Derrame o teu suor
E faça da minha empresa a melhor.
Você trabalha com dor
Pouco vendo do dinheiro a cor
E eu enriquecendo a teu dispor.

Trabalhe vagabundo!
Pois é pobre e encabulado.
Não chegará onde estou sentado
Porque tudo está programado:
Trabalhará, ficará cansado
E se chegar a ficar aposentado,
Morrerá esquecido.

Trabalhe direito,
Pois quando eu quiser te demito
E tu não serás mito,
Só um mendigo sem respeito.

Digo ainda, que eu não sou injusto.
O negócio estabelecido
Que me cobra,
Que te cobra
Vontade,
Competividade,
Na constante conformidade.

Caso não queira
Eu pego outro da fila.

(Jefferson Santana, do livro Cantos e Desencantos de um Guerreiro)

sábado, 1 de setembro de 2012

Procura-se amor



(Poema inédito)


Procura-se amor
para estações diversas da jornada,
como brasa que aqueça friagem,
como brisa que arrepie a pele,
como beijo que umedeça lábio seco.

Procura-se amor
nas escadas frequentes de subidas e
                                            descidas,
nas varandas que se avistam horizontes,
embaixo
de semáforos que regulam cruzamentos.

Procura-se amor
como remédio pra desalento,
como alimento pra apetite irreprimido,
como feriado que anteceda fim de semana.

Procura-se agora
de noite
pro dia
pros dias
pró dias
próximos dias,
pr’além das noites.


Jefferson Santana