sábado, 30 de março de 2013

Desejo inter(in)disciplinar




Ainda chegará o dia em que eu,
sujeito simples, terei composto
teus períodos mais-que-perfeitos
e teus suspiros  mais que exclamativos.
Língua e língua em intensa sincronia,
conjunção de corpos como aditivos.

Mas você que a tudo define como estória
de minha parte, ainda verá que nenhum dos registros
é tão verdadeiro como esse desejo que se alforria
do mediterrâneo do eu contemporâneo .
Não haverá tempo futuro que se agrade
se não souber do presente que é este nosso tempo.  

Até por isso, declaro que meu norte é teu corpo
que de região em região beijaria até o extremo de teu sul.
Rosa-dos-ventos de meu coração
sem noção e sem senso de direção.
Perderia-me facilmente nesse encontro
de nossas massas quentes em nossos relevos.


Ainda que me chame de explorador de teus sentidos
o contexto é entre eu e você no mesmo ambiente.
Mais-valia ou mais vale nossa relação conveniente,
do que Marx e mais desculpas esfarrapadas.
Sociólogo ou sou seu logo amor na práxis...
pratiquemos pra que ambos da vida gozemos.

Mas você ainda acha que fico de filosofar à toa,
só não sabe que nada sabe ainda
que eu projeto meus sonhos nesta folha
pra que eles atormentem suas dúvidas.
Quero certamente teu ser na essência
Sem nenhuma inocência mentirosa.

Pois de todas você é a escultura
que quero acariciar em cada curva.
E mesmo que meu pensamento seja uma tela
que te pinto e te marco a traços intensos,
ainda poderíamos dançar a música
que embala os roteiros mais românticos.

Pra ser mais direto, se nós dois formos somados
poderíamos dividir a mesma cama, sofá, chão...
e multiplicarmos carícias, beijos, orgasmos.
A fórmula é simples, portanto, pra quê problema?
É mais que necessário subtrair qualquer medo,     
viver e viver ao invés de só sobreviver deci-mal.               

É forte meu desejo e frente ao teu
é uma energia potencial fluorescente.
Somos descarga elétrica se fundidos.
Então vamos cortar o tempo que estamos distantes
pra que nos aproximemos mais rapidamente
e dividamos o mesmo espaço e presença.

Sejamos mais imã e aço,
juntemos nossos polos e façamos a dispersão
de nossa intensa e constante ebulição.
Somos compostos por uma química perfeita:
nossa matéria interligada é chama,
combustível e combustão completa.

Epidemia que toma conta do meu ser
Contagiando o teu ser pelo contato.
Meu fruto carnoso e teu fruto encharcado
formam a simetria exata: o encaixe e o desencaixe.
Ainda que sejamos movimento e pausa
é da na tua pele e teu corpo que está meu nutriente.

Pra que correr atrás de ti, se correr junto é o essencial?
Sincronizar ações e emoções
sem resistência definida e cronometrada.
Ainda que sejamos movimento e pausa novamente
quero exercitar teus lábios... todos eles,
que estejam no teu conjunto de modalidades.

Língua minha te provando...
e provando-te que comunicação acontece
mesmo que existam diferenças de termos...
gêneros distintos. Somos inter(in)disciplinados.
She, nem queira agora inventar de He de mim,
Le deseo mucho e ponto final.


Jefferson Santana



sábado, 16 de março de 2013

sou (di)versos


Jefferson Santana e alguns de seus (di)versos

Falta de amor é a pior doença,
até porque tem muita gente
morrendo por causa disso.


um poeta (ins)pirado
(ex)pira poesia,
mas também acho,
que poesia (ins)pirada
(ex)pira poeta.



(DES)AFIN(AR)

Ainda que seca,
sua boca 
não se calou.

Muito a fim de falar,
deu o ar da graça. 



"Tudo na vida tem um preço..."
quisera eu, que a importância acima
não dependesse da minha carteira vazia de valor,
mas de meu coração cheio de amor!


Sentia-se nas nuvens quando amava em tempos de chuva.
Mas quando despencou daquele céu,
foi ela que despencou um temporal de lágrimas.


a boca já seca, muito seca
de cantar o amor que sentia por ela
aos quatro cantos da cidade

a boca seca, muito seca
e tanta sede, tanta sede
e tanto se excede...
que somente embebedando-se... 
embebedar-se dos lábios dela.


Amor em poeta
vem sem definida seta,
e de qualquer direção o acerta.


criou desgosto pela vida,
pois o gosto que ficou,
foi o do amargo último beijo.


Todos os meus poemas são atentados.
Por isso, atentem-se as cabeças,
atentem-se os corações.


arranha-céus
arranham seus...
nossos olhos


Tantos rascunhos,
tantas linhas tortuosas, 
tanta coisa jogada fora
e, ainda assim,
alguma coisa consagrada como poesia. 

sábado, 2 de março de 2013

Era uma poesia ambulante




Em noite de lua cheia,
ela passava por mim
deixando fragrância de flores
embaladas pelo sereno.

Era noite,
mas via seus lábios molhados,
como orvalhos que me amanheciam.
Deixava meus olhos com brilho de estrelas,
quando via suas curvas que me conduziam
aos mais intensos desejos líricos.

Era uma poesia ambulante.
Foi-se,
mas espero que logo volte.


Jefferson Santana