domingo, 22 de dezembro de 2013

Das impaciências

Não tenho tido paciência com a vida.

Quero o protagonismo da história
mas não sou nem o poema das prateleiras.

Ainda assim, peguei minhas armas e atirei...
rajadas no escuro, no vão,
embora buscasse o muro das indiferenças.

Os muros são surdos,
há muitas vozes retidas,
ecos que se retêm,
ecos que se refletem.

Os muros parecem mudos,
mas há tantos mundos separados por tais,
que é impossível contextos sem textos.

Há pingos pra serem inseridos nos "Is"
e crases ainda não aparentes nos "As".
Nem sempre as frases que berrei foram poesia
e nem sempre a poesia foi entendida em frases,
mas busquei alguma cadência com os versos,
embora tenha restado essa carência de não ser compreendido.

O riso é algum risco na face escancarado,
e alguns rios desaguam em cachoeiras.
Não tenho vivido os riscos
e minhas lágrimas têm se acumulado feito lagoa.
Nem por isso tenho deixado de almejar os mares
de todos esses mundos que me roubaram.

Chamaram-me de poeta dramático,
mas como ser poético sem algum drama?
Acho que carrego desde criança uma ausência,
que mesmo com o coração cheio me falta.
Busco preencher nas folhas essa minha falta...
essas minhas advertências.

Faltam-me as estantes e os instantes de alguns olhos a mim atentos.
Mas as prateleiras também são estáticas e eu quero servir pra alguma coisa.
Quero ser a primeira poesia do amanhecer
e a última que repouse no anoitecer.  

Jefferson Santana

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