terça-feira, 27 de maio de 2014

das minhas estruturas



os ventos não mudaram de direção
e essas rajadas rumaram ao extremo.
sem exceção, deixei as portas e janelas trancadas,
pra que não devastassem meus domínios.
certo é que pouco eu tenho,
cortaram-me a luz e fechei-me sozinho na escuridão 
que permiti me estabelecer.

são frentes frias que me perseguem,
não abro portas e nem janelas,
ainda que me anunciem o sol numa manhã seguinte.
eu sigo este inverno
e permito-me ser embalado por uma única melodia:
a chuva caindo sobre o meu teto...
ainda que me digam que não chova.

eu anseio uma brisa
e que ela acaricie as minhas estruturas,
pois já percebo as rachaduras 
que trincam do centro para as colunas.
as vezes falta-me a coragem...
mas permanece a vontade de erguer novos andares.
no entanto, sou mais adverso mesmo,
eu vejo tudo caindo na terra como sepultura.

lá de fora eu ainda escuto as vozes
dizendo que minha fachada permanece boa,
que sentem felicidade em vê-la ainda resistente,
aparentemente com cores e alegria.
mas por dentro, mal sabem...
nem queiram olhar as paredes!
aqui a tinta já desbotou,
só resta um imóvel mofado,
bem distinto daqueles castelos
em que o príncipe faz amor com sua amada. 


Jefferson Santana
  

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