Há quem ache que a poesia feita
é somente dada por grande feito.
Mas a poesia se faz sem decreto
e em cada instante se apresenta.
Há o ditador que ordena e a condena,
há a polícia que bate e a combate,
há o homem que se prende ao volante
e a multidão que se prende nesse sistema.
Há quem feche os olhos e se esconda
diante da melodia e não dance,
não oferece permissão pra que se poetize.
Mas a poesia permanece escancarada.
Há poesia porque há luz que nasce a cada manhã
depois que as lâmpadas da noite se apagam.
Os muros da cidade em silencio gritam
intensamente pelos traços que os pintam.
Nas favelas, ainda que digam em poucas,
As flores ainda nascem plantadas e inesperadas,
E as crianças, ainda que não todas,
Não são pessoas adultas e comportadas.
Ainda assim, há quem reclame do céu nublado,
mas lamento que há quem ande com o rosto
fechado,
e que na própria chuva nunca se molhe,
até um singelo riso é capaz que agasalhe.
Pra que os dias de poesia não se retenham em
livros
guardados, empoeirados e esquecidos nas
estantes,
é preciso que se abram olhos e coração para os
indícios
da harmonia lírica de todos os instantes.
Se o tempo é de metralhadoras que não param de
atirar,
de medos manifestados, de amores não
correspondidos...
mais do que nunca é tempo de amar!
Pra que hoje mesmo, seja o tempo da poesia
cativar.
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