sábado, 5 de maio de 2012

TRÁFEGO



A cidade não para,
Não para de parar
Na hora do pico
Não para de crescer
Pra cima, pra baixo
Não para o descaso
Não, para!
Mais uma vida
Não para de morrer
Não param de crescer
Não param, não param
Não param os números
Pra mais,
Pra menos.
Não para a cidade.
Parado,
É um assalto!
Dá seu dinheiro,
Não para de pagar
Lícito, ilícito
Legalizado, irregular
É um assalto!
Não para não,
Continua andando
Não olha pra trás,
Atrás
Dos prédios,
Não para a cidade.
Não param os morros.
Morro de fome,
Não para essa ânsia.
Não param os morros,
Pra cima, pra baixo
Não param de crescer,
Essa distância
Do quilombo ao Paraíso
Não para o Paraíso belo,
Não para de cegueira,
Daqueles que podem desfrutá-lo.
Tens os melhores frutos
E eu não paro de comer o caroço.
Passageiro cotidiano das carroças urbanas,
O destino é receber chicotadas.

Por tudo isso
Parado no tempo.
Porém meu coração não para
Então a voz não para,
A caneta não para,
E a esperança não parará.

(Jefferson Santana in Cantos e Desencantos de um Guerreiro)



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